segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Bom tempo

Temporalmente não chovo,
nem meus dias são claros,
sigo sempre assim, nublado,
parcialmente nublado.

Minha tarde não é calorosa
nem tem de usar agasalho
ela é assim, um leve mormaço
um claro e sombrio mormaço.

Minha noite não é estrelada...
possui muitas nuvens,
alta carga positiva e negativa,
geradora de relampejantes idéias.

Sou assim: Dia nublado,
com um caloroso mormaço
com noites escuras, coriscos...
à intensidade de um tempo perturbado.

sábado, 9 de janeiro de 2010

A consciência

Minha fantasia é absurda...
Esse inseto que consome e regurgita
as mais insanas possibilidades de vida
e as putrefações em dia umido visita.

Visita a umidade abaulada do meu quarto
e põe-me a perceber a figura desse rastro.
Castigando as eras fantasmagoricas dessa visagem
a sentir ânsias, absurdamente, vi uma miragem

catequizando meu intestino, convertendo-o.
Inseto imundo que transcende as eras ao relento
vinha me despertar d'um fantastico intelecto.

Este que fermenta e alcoolisa, vibrações inatas
brota de semente em semente de radiotivas fontes
atravessando pontes imensas com forças incógnitas.

Augusta Ladainha

A Augusto dos Anjos

Cantou ao tamarindo de sua vida,
sonetos da putrefação do homem
no âmago intestinal que o consolida
dizia coisas que por dentro consomem.

Me vi junto a vermes, corvos, carneiros...
seguindo um fantástico caixão,
Celebrando a chegada do poeta coveiro
que cavava dos sepulcros a bela Canção:

"Foi assim como na sua profecia:
morreu aos trinta de pneumonia.
Enfermo, então veio a perecer.

Mas o contrario de teu corpo, poeta,
aquém dedico minha Litania,
os teus versos hão de nunca apodrecer."