quarta-feira, 31 de março de 2010

IV

Se instala nas entranhas,
Criatura linda e indefesa,
que se fez em natureza ígnea
qual a morada de tua beleza.

de Sabedoria ignota, sem face.
se formando em placenta, nasce.
virtuoso, visionário, há espreitar-me.
sentia mesmo sem ver, olhar-me.

penso em um dia dizer: - Ó! meu filho,
segues o teu pai e mãe, assim,
como João e Maria, segue o milho.

Esse poema que nasce dos meus dedos
tu que nasce de minha mulher em nervos.
Nós, meu filho, te livraremos de todos os medos.

terça-feira, 16 de março de 2010

Faminto

Negarais a todos uma esmola...
Essa antropofagia etílica
da natureza que o homem esfola
revela-se monstruosa e cínica.

Aos homens enfurecidos
não mais oferece o pão
nem que p'ra isso fiquemos convertidos.
Nem que p'ra isso se peça perdão.

No esvaporido suor, no escaldo sanguinio.
Nem mesmo a visão de Constantino
desmentia, tais teorias ancestrais.

- Faminto morre o homem.
a natureza se eleva à fome
e ele recupera-se nunca mais.