Se instala nas entranhas,
Criatura linda e indefesa,
que se fez em natureza ígnea
qual a morada de tua beleza.
de Sabedoria ignota, sem face.
se formando em placenta, nasce.
virtuoso, visionário, há espreitar-me.
sentia mesmo sem ver, olhar-me.
penso em um dia dizer: - Ó! meu filho,
segues o teu pai e mãe, assim,
como João e Maria, segue o milho.
Esse poema que nasce dos meus dedos
tu que nasce de minha mulher em nervos.
Nós, meu filho, te livraremos de todos os medos.
quarta-feira, 31 de março de 2010
terça-feira, 16 de março de 2010
Faminto
Negarais a todos uma esmola...
Essa antropofagia etílica
da natureza que o homem esfola
revela-se monstruosa e cínica.
Aos homens enfurecidos
não mais oferece o pão
nem que p'ra isso fiquemos convertidos.
Nem que p'ra isso se peça perdão.
No esvaporido suor, no escaldo sanguinio.
Nem mesmo a visão de Constantino
desmentia, tais teorias ancestrais.
- Faminto morre o homem.
a natureza se eleva à fome
e ele recupera-se nunca mais.
Essa antropofagia etílica
da natureza que o homem esfola
revela-se monstruosa e cínica.
Aos homens enfurecidos
não mais oferece o pão
nem que p'ra isso fiquemos convertidos.
Nem que p'ra isso se peça perdão.
No esvaporido suor, no escaldo sanguinio.
Nem mesmo a visão de Constantino
desmentia, tais teorias ancestrais.
- Faminto morre o homem.
a natureza se eleva à fome
e ele recupera-se nunca mais.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
A Tristeza do Número
Um, dois, três, quatrilhões...
presos aos ossos do matemático
castigando a fé desse reumático
nos braços, dedos, cabeça como grilhões.
Mortes, orgias, - catastroficissima solidão -
fabricando a fantasmologia da contagem
catando, contando... inúmera contagem.
Só existo se em registro um numero me dão
se um dia me tirassem esse número.
perceberia que unicamente estamos
vivendo a alegoria da vantagem.
mas vejo somas, subtrações no útero
e sinto que só existiríamos
se entrassemos nessa triste contagem.
presos aos ossos do matemático
castigando a fé desse reumático
nos braços, dedos, cabeça como grilhões.
Mortes, orgias, - catastroficissima solidão -
fabricando a fantasmologia da contagem
catando, contando... inúmera contagem.
Só existo se em registro um numero me dão
se um dia me tirassem esse número.
perceberia que unicamente estamos
vivendo a alegoria da vantagem.
mas vejo somas, subtrações no útero
e sinto que só existiríamos
se entrassemos nessa triste contagem.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Bom tempo
Temporalmente não chovo,
nem meus dias são claros,
sigo sempre assim, nublado,
parcialmente nublado.
Minha tarde não é calorosa
nem tem de usar agasalho
ela é assim, um leve mormaço
um claro e sombrio mormaço.
Minha noite não é estrelada...
possui muitas nuvens,
alta carga positiva e negativa,
geradora de relampejantes idéias.
Sou assim: Dia nublado,
com um caloroso mormaço
com noites escuras, coriscos...
à intensidade de um tempo perturbado.
nem meus dias são claros,
sigo sempre assim, nublado,
parcialmente nublado.
Minha tarde não é calorosa
nem tem de usar agasalho
ela é assim, um leve mormaço
um claro e sombrio mormaço.
Minha noite não é estrelada...
possui muitas nuvens,
alta carga positiva e negativa,
geradora de relampejantes idéias.
Sou assim: Dia nublado,
com um caloroso mormaço
com noites escuras, coriscos...
à intensidade de um tempo perturbado.
sábado, 9 de janeiro de 2010
A consciência
Minha fantasia é absurda...
Esse inseto que consome e regurgita
as mais insanas possibilidades de vida
e as putrefações em dia umido visita.
Visita a umidade abaulada do meu quarto
e põe-me a perceber a figura desse rastro.
Castigando as eras fantasmagoricas dessa visagem
a sentir ânsias, absurdamente, vi uma miragem
catequizando meu intestino, convertendo-o.
Inseto imundo que transcende as eras ao relento
vinha me despertar d'um fantastico intelecto.
Este que fermenta e alcoolisa, vibrações inatas
brota de semente em semente de radiotivas fontes
atravessando pontes imensas com forças incógnitas.
Esse inseto que consome e regurgita
as mais insanas possibilidades de vida
e as putrefações em dia umido visita.
Visita a umidade abaulada do meu quarto
e põe-me a perceber a figura desse rastro.
Castigando as eras fantasmagoricas dessa visagem
a sentir ânsias, absurdamente, vi uma miragem
catequizando meu intestino, convertendo-o.
Inseto imundo que transcende as eras ao relento
vinha me despertar d'um fantastico intelecto.
Este que fermenta e alcoolisa, vibrações inatas
brota de semente em semente de radiotivas fontes
atravessando pontes imensas com forças incógnitas.
Augusta Ladainha
A Augusto dos Anjos
Cantou ao tamarindo de sua vida,
sonetos da putrefação do homem
no âmago intestinal que o consolida
dizia coisas que por dentro consomem.
Me vi junto a vermes, corvos, carneiros...
seguindo um fantástico caixão,
Celebrando a chegada do poeta coveiro
que cavava dos sepulcros a bela Canção:
"Foi assim como na sua profecia:
morreu aos trinta de pneumonia.
Enfermo, então veio a perecer.
morreu aos trinta de pneumonia.
Enfermo, então veio a perecer.
Mas o contrario de teu corpo, poeta,
aquém dedico minha Litania,
os teus versos hão de nunca apodrecer."domingo, 20 de dezembro de 2009
Pobre vaidade
I
Ela tinha o caminhar leve dos alcoólatras.
Uma estreita faixa rubra de batom seguia
se alastrando na boca sem dentes: vazia.
mas sorria ainda, com o sorriso dos hipócritas.
Na alma, moribunda e maltrapilha, a desgracença
nos poros, absorvia a ciência trágica do dia
e no peito, dessa louca, que outrora vadia
fazia assim: um olho na vida, e outro na descrença.
Essa amante dos sibaritas, levou nas costas um peso -
Uma corcunda horrenda e a falta de alguns inúteis dedos.
E na boca uma estreita faixa de batom avermelhado,
com o rosto deformado e as vestes em retalho
engolindo a ânsia d'um coração cuspindo escárnio,
via-se ainda um orgulho de quem já tinha amado.
II
Correspondia a todos os olhares das ruas...
Olhava, sorria, e o peito inchava de orgulho.
Com o sorriso murcho de novo, voltava ao entulho.
E no monturo, que se encontrava, estava ela, nua.
Sobre o reflexo solar: que é a lua, lavava-se.
retirava as lepras e escárnios do dia imundo.
Mas na boca permanecia ainda o batom rubro
e no olhar o sorriso de posse da vaidade.
Encerrava-se em si mesma, como inseto morto.
vivendo, assim: a noite gente e de dia estorvo.
e ainda ouvindo gracejos, tais, -"Puta!", "puta"...
Oh! Senhora, ser dos sonhos monstruosos,
ainda assim infla o peito de amores incestuosos...
e sorri ainda para os pobres que te insultas.
Ela tinha o caminhar leve dos alcoólatras.
Uma estreita faixa rubra de batom seguia
se alastrando na boca sem dentes: vazia.
mas sorria ainda, com o sorriso dos hipócritas.
Na alma, moribunda e maltrapilha, a desgracença
nos poros, absorvia a ciência trágica do dia
e no peito, dessa louca, que outrora vadia
fazia assim: um olho na vida, e outro na descrença.
Essa amante dos sibaritas, levou nas costas um peso -
Uma corcunda horrenda e a falta de alguns inúteis dedos.
E na boca uma estreita faixa de batom avermelhado,
com o rosto deformado e as vestes em retalho
engolindo a ânsia d'um coração cuspindo escárnio,
via-se ainda um orgulho de quem já tinha amado.
II
Correspondia a todos os olhares das ruas...
Olhava, sorria, e o peito inchava de orgulho.
Com o sorriso murcho de novo, voltava ao entulho.
E no monturo, que se encontrava, estava ela, nua.
Sobre o reflexo solar: que é a lua, lavava-se.
retirava as lepras e escárnios do dia imundo.
Mas na boca permanecia ainda o batom rubro
e no olhar o sorriso de posse da vaidade.
Encerrava-se em si mesma, como inseto morto.
vivendo, assim: a noite gente e de dia estorvo.
e ainda ouvindo gracejos, tais, -"Puta!", "puta"...
Oh! Senhora, ser dos sonhos monstruosos,
ainda assim infla o peito de amores incestuosos...
e sorri ainda para os pobres que te insultas.
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